quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Falando de guerra

Quando falamos de tempos de guerra, vemos o ser humano perder a capacidade de se comover com a morte.
Não há tempo para chorar ou se preocupar com os outros. É preciso tentar salvar-se.
Corpos já não escandalizam quem os vê.
É preciso pulá-los. É preciso desconsiderá-los e seguir em frente.
Abrigar-se dos bombardeiros, dos ataques aéreos, dos tanques blindados, das granadas.
Mas eu não falo do que li nos livros sobre a 2ª guerra ou vi nos jornais sobre as guerras do Iraque, Afeganistão...
Eu falo do Rio de Janeiro!
É uma guerra!
Real.
Próxima.
E nos envolve.
Já não nos preocupamos com quem morreu. Só contamos os corpos para a estatística.
Se ouvimos falar de um assassinato, já não nos escandalizamos.
Estamos nos acostumando.
Nunca imaginei que isso fosse possível. Acostumar-se com a morte.
“Caveirão” já foi novidade. Agora tem até o “caveirão voador”, atirando do alto. Já até testaram metralhadoras acopladas. Serão mais balas perdidas por ação policial. Serão mais pessoas mortas.
E tem que diga “E daí? Não são os marginais que estão morrendo?”
Mas esquecem-se que no Brasil não há pena de morte.
Pergunto-me qual a diferença entre essas ações policias e a dos grupos de extermínio.
Todo bandido deveria ser preso, julgado e condenado. E deveria cumprir integralmente sua pena.
Mas alguém disse há não muito tempo atrás que “bandido bom era bandido morto”, e parece que muitas pessoas realmente adotaram esse pensamento como sendo verdade.
E os acusados injustamente? Morrem sem chance de defesa?
E os moradores das comunidades dominadas pelo tráfico? Morrem por serem pobres e não terem condições de morar fora da “zona de conflito”?
Não sei mais o valor da vida. Era valor absoluto. Agora é valor relativo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário